sábado, 6 de dezembro de 2014

Rock Alive Brasil entrevista a banda Armahda!

Fala galera do Rock Alive Brasil, beleza?!

Hoje o site exibe a entrevista feita com os caras da banda ArmahdaPessoal, obrigado por conceder esse bate-papo com o Rock Alive!

Armahda/Divulgação
1 – Em pouco tempo de banda vocês lançaram o álbum de estreia. Como foi o processo de produção do disco?

Renato: Costumamos dizer que esse processo começou diferente de outras bandas. Normalmente se forma uma banda, começam os ensaios fazendo covers de bandas de comum interesse e depois começam composições próprias. No nosso caso foi o contrario. Eu e o Mauricio já nos conhecíamos há muitos anos, chegamos a fazer alguns ensaios em 2000 ou 2001. Desde essa época tínhamos ideias de músicas e letras, mas por vários motivamos só voltamos a dar prioridade nisso em 2011.

Juntamos as ideias todas e vimos que tínhamos um tema a seguir, um conceito. Então começamos a pré-produzir o que já tínhamos e elaborar mais musicas. A ideia inicial era gravar tudo isso que estava 'parado'. Isso resultou em 13 faixas que compõem nosso álbum de estreia, lançado em dezembro de 2013. Tivemos a grande ajuda do Rafael Zeferino do AudioFusion Studio que mixou, co-produziu, masterizou e gravou a bateria. Agora em 2014, temos nossos amigos tocando conosco: João Pires, Ale Dantas e Paulo Chopps.

2 – Ouvindo o trabalho da banda, o que chamou mais a atenção foi que as letras são baseadas em fatos históricos ocorridos no Brasil. Como vocês tiveram essa ideia?

Maurício: Meu interesse por história do Brasil foi despertado por meu avô, aposentado do exército, em minha infância. Suas histórias com os índios quando serviu nas fronteiras do país, os personagens históricos que conheceu (presidentes, reis, rainhas, ministros, políticos, marechal Rondon, Haile Salassie, combatentes da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai e outras guerras), suas missões militares ligadas à arqueologia, segredos de Estado por ele conhecidos, foram importantes para chamar minha atenção. Minha geração infelizmente foi vítima de um fraco ensino da História do Brasil nos colégios, mas as aulas de meu avô e também de cursos preparatórios para o vestibular abriram minha mente para os diferentes pontos de vista quanto à história nacional.

Percebi como fatos históricos eram suprimidos ou mesmo exagerados por interesse político/jornalístico, e há um boicote, até hoje, às verdades. O plebiscito de 1993 foi relativamente marcante, pois naquela época ouvi falar da monarquia, que foi ridicularizada e censurada na mídia. A recente canonização do padre José de Anchieta, que praticou a Inquisição no Brasil, expõe como a política, a mídia e a igreja católica omitem as acusações contra o mesmo, em ano eleitoral, para atingir seus objetivos. Episódios importantes para a formação do país e sua cultura estimularam o surgimento de ideias que borbulharam em nossas cabeças e a única maneira de aliviar a pressão é transformá-las em música pesada.      

Renato: Sempre ouvimos bandas europeias que abordavam seus respectivos temas históricos, para nós sempre pareceu óbvio falar sobre o Brasil e as bandas daqui pouco falavam.

Armahda/Divulgação
3 – Vocês consideram o disco de estreia de vocês como um álbum conceitual?

Maurício: Sim, pois cada faixa apresenta um aspecto histórico ou cultural, como episódios de batalhas ou mesmo lendas.

4 – Como foi o processo de criação da parte instrumental do disco?

Renato: A parte instrumental vem mais ou menos junto com a letra. O tema sempre vem primeiro: escolhemos o episodio da Historia do Brasil e começamos a desenvolver. Nesse álbum colocamos algumas 'texturas' brasileiras como violões e algumas orquestrações. Isso será mais evidente no próximo álbum.

5 – Quais são as grandes dificuldades de se produzir um disco independente no Brasil?

Renato: Acho que hoje em dia a produção não é tão complicada, o acesso a instrumentos e tecnologia está cada vez mais fácil. Acho também que a qualidade técnica do músicos e produtores não deve nada aos gringos.

6 – Como vocês avaliam o atual mercado fonográfico brasileiro?

Renato: O mercado de metal está em total ascensão. Tivemos um período de baixa, mas acho que muitas bandas veem aparecendo e novos álbuns sendo lançados. Hoje o metal brasileiro está em todas as vertentes. O público está aprendendo a absorver isso tudo e vai consumir o produto nacional com mais frequência. Torço muito para que isso aconteça.

7 – O Brasil é visto como um bom exportador de Heavy Metal. Vocês já fizeram ou estão negociando uma turnê internacional?

Renato: Fizemos nosso show de estreia no ultimo 7 de setembro, ironicamente no dia da Independência do Brasil, abrindo para a banda sueca Sabaton, que também fala de História. Temos alguns contatos na Europa, uma rádio belga divulgou alguns de nossos sons por lá. Também falamos com um pessoal na Alemanha, Suécia, França, Polônia e Japão. Talvez aconteça algo em 2015.

Armahda/Divulgação
8 – Ainda sobre turnês: como estão os shows no Brasil?

Paulo: Estão aparecendo aos poucos. Agora no final do ano é um pouco mais parado mesmo, mas tivemos uma ótima estreia tocando no Carioca Club com o Sabaton, onde vimos a galera gritando o nome da banda antes mesmo de subirmos no palco. Cantaram as músicas, foi sensacional, isso nos motiva muito. Queremos fazer muitos shows assim. No começo de outubro fomos até Itapetininga a convite dos nossos amigos do Perc3ption, fizemos um ótimo show.


Também apareceram algumas pessoas com a camiseta da banda, cantando todas as músicas e ficamos bem felizes com isso.

Portanto a ideia é não ficar apenas em São Paulo, ir pro interior, pra outros estados. Tem muitas pessoas pedindo show nosso, no Nordeste, em Minas, Rio, no Sul. Temos alguns contatos e estamos vendo algumas datas, mas nada certo por enquanto. Temos show marcado agora, dia 14 de dezembro no Manifesto, em São Paulo, vamos abrir pro Vicious Rumors. Esperamos já sair de quinta marcha no ano que vem e fazer quantos shows nosso corpo puder aguentar (risos).

9 – Por serem uma banda independente como é a relação do grupo com os fãs ?

Maurício: São os amigos da banda, com os quais temos enorme prazer em conversar, beber e principalmente receber sugestões de temas. Somos acessíveis e agradecemos de coração toda ajuda que recebemos desse pessoal desde quando soltamos na internet nossos primeiros sons.

10 – Em tempos de internet diversos artistas usam a ferramenta digital para divulgarem seus trabalhos. Para o Armahda, qual é o lado positivo e negativo da internet para carreira do grupo?

Maurício: O lado positivo é a facilidade de divulgar uma música para o Brasil inteiro e o mundo, e disponibilizá-las também para venda. O negativo é que não conseguimos recuperar o investimento da prensagem dos CDs, visto que os internautas preferem baixar o álbum por fontes não oficiais. Fizemos lyric-videos para quase todas as músicas do álbum, disponibilizados gratuitamente no Youtube, com a esperança de que despertasse o interesse de alguns na compra dos CDs, nos quais constam outras duas faixas não disponibilizadas no Youtube. 

Paulo: Além disso, estamos enviando muitos cd's para lojas no Brasil todo. Felizmente ainda tem pessoas que gostam de ter o material "em mãos", ler as letras no encarte. Tem também aquelas pessoas que compram pra apoiar a cena do heavy metal nacional. Isso é algo ótimo pra gente e pra todas as outras bandas que também estão na luta aí por espaço né, e como vendemos a um preço bem em conta, fica acessível pra todo mundo.

Armahda/Divulgação
11­ Quais são os próximos passos da banda? Vocês já estão programando um novo álbum?

Maurício: Com certeza. Em breve soltaremos uma música que chama a atenção pra uma grande polêmica, algo que muitos acreditam se tratar de uma das grandes injustiças da república.

Renato: Estamos juntando materiais para um próximo álbum. Muitos temas que não entraram no 1º disco entrarão no próximo e dessa vez com ideias e contribuições da banda completa.


12 – Para finalizar: quais são as maiores alegrias e frustrações de se ter uma banda de rock no Brasil ?

Renato: A melhor satisfação de ter uma banda de metal é de saber e ver pessoas que se identificam com sua maneira de transformar História em música e saber que tem muita gente ainda que se interessa pelo assunto. Mesmo estando longe de ser um estilo 'main stream' no Brasil, acho que o metal tem muita lenha pra queimar ainda.

Paulo: É um pouco frustrante o fato de não haver muito incentivo por parte das casas de show e rock bares ao som autoral, isso faz com que nós tenhamos que correr muito atrás das oportunidades e agarrá-las com toda força, e é claro, não fazer feio. Mas acredito que isso está mudando, pode ser que num futuro próximo a gente tenha que apenas falar das alegrias né, é o que esperamos e defendemos.

Pessoal, muito obrigado pela entrevista e o ROCK ALIVE BRASIL espera ansiosamente poder assistir um show de vocês e entrevista-los novamente em breve.

Espero que tenham curtido a entrevista com a banda Armahda e já sabem: Acessem nossa pagina para ficarem por dentro de todas as novidades do cenário musical nacional.

Abraços!!!

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